O
Cartão Recomeço, já apelidado ironicamente de “bolsa crack”, pelo qual o
governo paulista designará uma verba de R$ 1.350 mensais para tratamento e
recuperação de dependentes químicos, poderá formar uma importante base no combate
ao problema. Mas, para ter sucesso, não se deve colocar o beneficio em poder da
família do paciente, visando evitar a confusão com renda extra ou a utilização
indevida, que foge de sua finalidade original. Esse recurso precisa ser distribuído
diretamente do tesouro público para centros habilitados e permanentemente
controlados e fiscalizados na sua prestação dos serviços. Infelizmente, no país
do “jeitinho”, programas sociais e humanitários podem se desvirtuar e seus
recursos terem fins indevidos.
Mas
é importante lembrar que não será o cartão e nem seus R$ 1350 mensais que irão por
fim ao vício. A família ou quem se interesse pelo paciente deve fazer sua parte,
apoiando-o, dando-lhe incentivo e força. E a sociedade, de uma forma geral,
também precisa combater o tráfico, hoje uma forte indústria, que lucra muito
dinheiro em cima da desgraça alheia, viciados que, não tendo como sustentar o
vício, primeiro arruínam os bens da família e depois partem para a
criminalidade, roubando, sequestrando e muita vezes matando para conseguir dinheiro,
salvo exceções. É imprescindível, antes de qualquer coisa, libertar esses “escravos
do crime” e combater incessantemente os traficantes, que alimentam esse
problema social.
A
tarefa é imensa e precisa do empenho geral. Todos sabem que não basta somente a
repressão policial, que acaba penalizando só os viciados. É necessária a ação
do governo do estado e o comprometimento nacional, para a produção de leis mais
severas e eficazes em relação ao tráfico.
Só
um trabalho integrado, com ações em todas as direções, seria capaz de devolver
a tranquilidade à população. A simples internação do viciado e sua
desintoxicação é apenas um atenuante. Um curso profissionalizante também é
indispensável. E, além de sua inclusão no trabalho e vida em sociedade, é fundamental
a tomar providências para evitar a oferta das drogas nos níveis que hoje
ocorre. Sem uma grande ação social, humanitária e até policial, tudo será em
vão, como tentar fazer sombra com uma peneira..
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